Competitividade IV
Os dados que aqui vou mencionar fazem parte das análises sectoriais efectuadas pelo Banco de Portugal para o ano de 2003 e estão disponíveis online na página do BP.
O BP reuniu, para o ano e o sector em causa, dados de 465 empresas do sector têxtil.
Não vou tecer grandes explicações ou análises económicas da performance das 465 empresas; apenas referirei o facto de os Custos com Pessoal (salários, seguros AT e encargos) representar em termos médios, 21% sobre as Vendas.
Mas os salários não englobam apenas mão de obra directa, eles também englobam os custos dos administradores, dos funcionários administrativos, dos encarregados etc.
Assim reparta-se este valor em 60% de mão de obra directa e 40% de mão de obra indirecta, obtém-se o seguinte valor: Por cada 100 Euros de vendas 12,5 Euros dizem respeito a salários dos trabalhadores.
Os chineses, os tailandeses e os vietnamitas podem trabalhar mais horas e receber 10 vezes menos, podem ser explorados, pode ser uma questão de direitos humanos e podemo-nos indignar profundamente; mas a verdadeira questão é que nem que retirássemos esses 12,5% ao custo dos nossos têxteis as nossas empresas poderiam competir.
Os têxteis não chegam da china aqui por obra e graça de Nosso Senhor, existem custos de transporte e á chegada aplicam-se 10% de taxas alfandegárias sobre as importações de têxteis. Basicamente, chegam cá ao mesmo preço.
Se o modelo de desenvolvimento pretendido, fosse o de vender mão de obra, actualmente podíamos, mesmo assim, competir com a China.
O problema é que esse é o único factor em que apostamos em low costs; um administrador português não anda no mesmo carro de um administrador chinês, nem tem na sua empresa custos fixos típicos de uma organização chinesa; cá, é quase tudo em grande, à excepção da mão de obra.
As estruturas de financiamento, são muitas vezes inadequadas porque, “em tempo de vacas gordas”, as empresas foram sendo descapitalizadas, compraram-se jipes, casas e Ferraris.
Os activos não têm uma estrutura de rotação adequada porque os investimentos que foram feitos, se o foram e quando o foram, foram-no á base de subsídios, tantas vezes com sobre-facturação e frequentemente sem análises técnicas que os justificassem porque em empresas onde manda o patrão não mandam “os engenheiros”. Os técnicos do IAPMEI, alguns estagiários e contratados a recibos verdes avalizaram e assinaram por baixo, e os ministros falavam nas televisões de sermos bons alunos na Europa dos doze e na Europa dos quinze e das taxas de execução dos programas comunitários.
O BP reuniu, para o ano e o sector em causa, dados de 465 empresas do sector têxtil.
Não vou tecer grandes explicações ou análises económicas da performance das 465 empresas; apenas referirei o facto de os Custos com Pessoal (salários, seguros AT e encargos) representar em termos médios, 21% sobre as Vendas.
Mas os salários não englobam apenas mão de obra directa, eles também englobam os custos dos administradores, dos funcionários administrativos, dos encarregados etc.
Assim reparta-se este valor em 60% de mão de obra directa e 40% de mão de obra indirecta, obtém-se o seguinte valor: Por cada 100 Euros de vendas 12,5 Euros dizem respeito a salários dos trabalhadores.
Os chineses, os tailandeses e os vietnamitas podem trabalhar mais horas e receber 10 vezes menos, podem ser explorados, pode ser uma questão de direitos humanos e podemo-nos indignar profundamente; mas a verdadeira questão é que nem que retirássemos esses 12,5% ao custo dos nossos têxteis as nossas empresas poderiam competir.
Os têxteis não chegam da china aqui por obra e graça de Nosso Senhor, existem custos de transporte e á chegada aplicam-se 10% de taxas alfandegárias sobre as importações de têxteis. Basicamente, chegam cá ao mesmo preço.
Se o modelo de desenvolvimento pretendido, fosse o de vender mão de obra, actualmente podíamos, mesmo assim, competir com a China.
O problema é que esse é o único factor em que apostamos em low costs; um administrador português não anda no mesmo carro de um administrador chinês, nem tem na sua empresa custos fixos típicos de uma organização chinesa; cá, é quase tudo em grande, à excepção da mão de obra.
As estruturas de financiamento, são muitas vezes inadequadas porque, “em tempo de vacas gordas”, as empresas foram sendo descapitalizadas, compraram-se jipes, casas e Ferraris.
Os activos não têm uma estrutura de rotação adequada porque os investimentos que foram feitos, se o foram e quando o foram, foram-no á base de subsídios, tantas vezes com sobre-facturação e frequentemente sem análises técnicas que os justificassem porque em empresas onde manda o patrão não mandam “os engenheiros”. Os técnicos do IAPMEI, alguns estagiários e contratados a recibos verdes avalizaram e assinaram por baixo, e os ministros falavam nas televisões de sermos bons alunos na Europa dos doze e na Europa dos quinze e das taxas de execução dos programas comunitários.
O empresário português nunca se preocupou em controlar uma grande parte da cadeia de valor dos seus produtos, antes preferiu vender toda a sua produção sem marca a “clientes certos” que detivessem essa tal marca e que lhes pagassem.
O empresário português nunca “vendeu em”, “vendeu para”; os seus produtos nunca foram produtos de valor acrescentado, de qualidade ou de design que os diferenciassem e os empresários, patrões com a quarta classe, ex-operários que subiram na vida em tempo oportuno, porque hoje já não o conseguiriam, nunca se preocuparam com isso, porque nunca perceberam isso, nunca souberam o que era isso, nem nunca quiseram saber.
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