Orgasmos eleitorais
Eu não sou daqueles que acham que o dinheiro do erário público devia ser todo para fazer escolinhas e hospitais, ajudar as criancinhas e tratar dos velhinhos, NÃO; eu acho que também se devem fazer rotundas, abrir buracos e tapar os mesmos buracos três vezes por ano, pagar a clubes de futebol para militarem na 3ª Divisão e nas distritais, pagar aos “Toys” para cantarem nas festas da aldeia, fazer Carnavais e organizar marchas populares. Por isso, entendo que o modelo autárquico faz todo o sentido, ainda mais, num país de alguns analfabetos e de uma grande maioria, que sabendo ler, não entende o que está escrito.
E assim, a 9 de Outubro do ano da graça de 2005, os sinos tocaram a rebate e o povo lá foi votar e a democracia cumpriu-se.
E ao fim da tarde, enquanto a uma certa direita, sem saber se ainda existe realmente, comentava medrosamente os resultados, outra direita sem saber exactamente porque tinham votado nela, refazia apressadamente os discursos para dizer ao povo que tinha ganho.
Do outro lado, uma certa esquerda, sem saber exactamente porque tinham votado na direita, refazia, também ela, o discurso e carpia a derrota. A outra esquerda, a esquerda vinda do fundo dos poços, cantava hossanas e aleluias porque os outros que também eram de esquerda, haviam perdido.
Nas televisões, ilustres incontinentes do comentário político, alguns desenterrados para a ocasião, uivavam explicações sobre os números e adiantavam receitas de poções mágicas para o futuro.
Os números de que falavam eram diferentes dos que me interessavam e então fui procurar: 33.755 mandatos para as Assembleias de Freguesia, dos quais 4.260 são Presidentes de Junta, 8.077 mandatos municipais, dos quais 308 são Presidentes de Câmara, 1.591 vereadores e 6.178 representantes eleitos às Assembleias Municipais; um total de 41.832 autarcas eleitos. A cada lista candidata cumpriria, igualmente, apresentar equivalente número de suplentes; assim, apresentar candidatos a todas as autarquias equivaleria a apresentar 77.486 candidatos. Isto, por cada força partidária.
Se a quantidade é excessiva a qualidade é sofrível e propor a eleições, indivíduos sem qualquer formação académica, técnica ou política é muito mais do que um reflexo do país real, é uma opção, muitas vezes, partidária e assumida pelas estruturas locais dos partidos. Se houve dúvidas quanto à qualidade de Carmona ou de Carrilho, o que dizer da qualidade dos outros 41.831, ou dos restantes 77.485 candidatos.
Muitos destes autarcas farão muito pouco por aqueles que os elegerem, porque dificilmente conseguirão fazer muito mais por eles próprios; sem passado nem futuro que se assinale ou vislumbre, estes autarcas de um país doente ao serem eleitos para uma qualquer Junta de Freguesia, atingiram o auge das suas carreiras.
Os orgasmos dos porcos duram meia hora, os desta gente, quatro anos.
E assim, a 9 de Outubro do ano da graça de 2005, os sinos tocaram a rebate e o povo lá foi votar e a democracia cumpriu-se.
E ao fim da tarde, enquanto a uma certa direita, sem saber se ainda existe realmente, comentava medrosamente os resultados, outra direita sem saber exactamente porque tinham votado nela, refazia apressadamente os discursos para dizer ao povo que tinha ganho.
Do outro lado, uma certa esquerda, sem saber exactamente porque tinham votado na direita, refazia, também ela, o discurso e carpia a derrota. A outra esquerda, a esquerda vinda do fundo dos poços, cantava hossanas e aleluias porque os outros que também eram de esquerda, haviam perdido.
Nas televisões, ilustres incontinentes do comentário político, alguns desenterrados para a ocasião, uivavam explicações sobre os números e adiantavam receitas de poções mágicas para o futuro.
Os números de que falavam eram diferentes dos que me interessavam e então fui procurar: 33.755 mandatos para as Assembleias de Freguesia, dos quais 4.260 são Presidentes de Junta, 8.077 mandatos municipais, dos quais 308 são Presidentes de Câmara, 1.591 vereadores e 6.178 representantes eleitos às Assembleias Municipais; um total de 41.832 autarcas eleitos. A cada lista candidata cumpriria, igualmente, apresentar equivalente número de suplentes; assim, apresentar candidatos a todas as autarquias equivaleria a apresentar 77.486 candidatos. Isto, por cada força partidária.
Se a quantidade é excessiva a qualidade é sofrível e propor a eleições, indivíduos sem qualquer formação académica, técnica ou política é muito mais do que um reflexo do país real, é uma opção, muitas vezes, partidária e assumida pelas estruturas locais dos partidos. Se houve dúvidas quanto à qualidade de Carmona ou de Carrilho, o que dizer da qualidade dos outros 41.831, ou dos restantes 77.485 candidatos.
Muitos destes autarcas farão muito pouco por aqueles que os elegerem, porque dificilmente conseguirão fazer muito mais por eles próprios; sem passado nem futuro que se assinale ou vislumbre, estes autarcas de um país doente ao serem eleitos para uma qualquer Junta de Freguesia, atingiram o auge das suas carreiras.
Os orgasmos dos porcos duram meia hora, os desta gente, quatro anos.
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