Um pastor também se engana
Este pastor, ao que se sabe, participou o seu achado às autoridades, homem de origem humilde, desconhece os rituais académicos e não estará nada familiarizado com as lides e as festas dos universitários. Convém aqui esclarecer os homens do pastoreio que venham a encontrar despojos, deste género, o seguinte; tudo aquilo não passou de uma enorme festa de estudantes e os objectos encontrados, isso mesmo o dizem, assim: As rosas vermelhas revelam o carácter moderno e sedutor nos nossos futuros doutores, que antes se limitavam ao “vou-te praxar” e depois “vou-te pranchar”, os lenços apenas revelam que as meninas, provavelmente com o adiantado da hora a que terá terminado a festa, e com a pressa de se fazerem apresentar às aulas práticas que teriam na mannhã seguinte, simplesmente se esqueceram deles, as luvas, o saco e a mandioca confirmam mais uma vez o facto de terem sido estudantes; gente de pouco dinheiro, tiveram, eles próprios, que cortar as flores que tencionavam oferecer às escolhidas donzelas e nada mais luxuoso lhes puderam proporcionar que uma simples refeição de mandioca. Aqui podíamos criticar o valor irrisório das bolsas de estudo dos estudantes portugueses, mas vamos deixar isso para outro post. Ao que se sabe pela notícia, jantaram à luza das velas e levaram mesmo “a carta a Garcia” a julgar pelo sangue encontrado nos pratos. Os copos, as garrafas e as beatas encontradas, falam por si e chegam mesmo a colocar qualquer leitor em tal tertúlia, onde se dançou, fumou, conversou e bebeu até ao raiar do dia.
Estranho, estranho, para mim é o facto de haver uma universidade em Alijó.
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